O primeiro cachorro a gente nunca esquece
Há alguns anos, vi pela primeira vez o que viria a ser um grande sonho meu. Uma Bike. Um colega, amigo de meu pai, chegou na minha rua com sua bicicleta, muito bonita e bem equipada. Eu, na hora, fiquei encantado com ela. Ainda era criança, devia ter por volta de 12 a 14 anos, mas, naquele momento me enxergava montado naquela bike e pedalando para lugares onde eu nem conhecera.
Esse mesmo colega, nesta época, disse-me uma vez que algum dia nós iríamos fazer um percurso de bicicleta, pois enquanto eu dava voltas e voltas pela minha rua de uma ponta do quarteirão à outra em sua bike, ele afirmara que eu “tinha jeito para a coisa”.
Bem, esse percurso ainda não saiu, mas, eu sempre fui muito otimista. Ainda acredito que ele venha a acontecer.
Desde então me vi montado em uma bicicleta e desbravando as estradas e trilhas da minha cidade. Naquele momento, não tinha como simplesmente comprar um bicicleta. Hoje, assalariado, tenho essa condição. E assim, consegui.

Realizei uns dos meus sonhos de criança, comprei uma bicicleta de entrada, dessas mais simples mas capazes de fazer bons trajetos.
Venho pedalando nela, à cerca de uns 20 dias, e já realizei alguns percursos interessantes, por áreas da cidade que eu não tinha conhecimento.
No dia 5 de dezembro, pude ter a sensação de ser perseguido por um cachorro enquanto pedalava, está, a minha primeira “carreira”. A gente nunca esquece.
Um pequeno detalhe é que este cachorro surgiu devido uma alteração na minha rota, aqui, aconselho que nunca pedalem com o celular com pouca bateria. Aconteceu comigo. Metade da rota planejada concluída e fico sem bateria, a minha decisão foi retornar para casa, e retornar o mais rápido possível, com isso, resolvi cortar caminho.
Passando assim por uma parte mais afastada do centro da cidade, uma comunidade mais simples, que dá acesso ao meu bairro.
Comunidades assim sempre são repletas de cachorros, acredito eu que tenha passado por uns 6 a 7 animais, porém, só 1 não gostou da minha presença ali. Não sei se a minha pessoa ou a minha bicicleta não foi de seu agrado, ou o fato de tê-lo acordado de seu sono da tarde, mas ele, ignorando a comum decisão dos outros de me deixarem passar, me fez subir marcha e encarar um belo aclive, e em seguida um declive nada regular. Já estava prevendo minha queda no mato, pois a frente vinha uma curva levemente fechada. Por sorte, ele parou.
Tudo isso não foi de todo mal, pois, de certa forma, me fez entender como funciona uma trilha, por mais que de forma muito superficial.
Desde que comprei a bicicleta, na verdade bem antes, comecei a pesquisar grupos de ciclismo em redes sociais. O que pude notar é que a preferência de trajeto escolhido por estes grupos são as trilhas. Vejo, diariamente, fotos e vídeos destes grupos em rotas totalmente fora da cidade, e isso me gerou um grande interesse em pedalar por estes terrenos. Mais sei que ainda não estou apto a participar destes percursos, sou apenas um aspirante a ciclista.
Com o ciclismo cada vez mais presente na minha rotina, me enxergo cada vez mais como um verdadeiro ciclista, e não mais como aquele menino que sonhava com uma bicicleta.
Texto publicado no Medium
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